segunda-feira, 29 de julho de 2013

The Place Beyond the Pines (2012)



Um filme sobre as repercussões de uma má decisão na vida de dois homens e das suas famílias. Luke (Ryan Gosling) confrontado com a existência de um filho recém-nascido que desconhecia decide enveredar pelo crime para poder sustentá-lo. Avery (Bradley Cooper) é o polícia inexperiente (e também pai recente) que o vai confrontar num momento trágico e desse confronto vão-se criar estilhaços que vão marcá-lo e mudar a sua vida. Anos depois, na vida dos filhos de ambos, esses estilhaços ainda se vão fazer sentir.
 
Por todo o filme pesa uma potente sensação de destino e tragédia iminente e é esse ambiente de tensão dado quer pela fotografia, quer pela banda sonora, o melhor que o filme tem. Em todas as personagens há um impulso inquieto que as leva a procurar fugir em frente, umas apenas para se encontrarem frente-a-frente com o tal destino trágico que as ameaça, outras conseguido evitá-lo.
 
Esta tensão, esta inquietude levou-me a gostar mais do filme do que aquilo que acho que ele realmente vale. Porque apesar de tudo é um filme com alguns defeitos. Despida do estilo com que foi filmada, a história perde o sentido da verosimilhança, há demasiada ambição nos volteios que o argumento dá, como se o autor se estivesse a esforçar demasiado para criar tragédias, interligações e sobressaltos. A sensação que me deixou é que os personagens agem de determinada maneira não porque a sua lógica intrínseca os guie mas apenas porque são uns joguetes na mão do destino (e são-no, não nas mãos do destino mas nas do argumentista).
 
Outra coisa que me inquieta (e isto já não tem a ver com este filme especificamente) é o papel do Ryan Gosling. Já sabemos que ele é excelente a fazer o papel do tipo calado e misterioso, capaz da maior nobreza de sentimentos (em especial no que toca a mulheres) mas também capaz dos maiores rasgos de violência e criminalidade... mas há-de haver uma altura em que já chega vê-lo a fazer a mesma personagem em filmes diferentes.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Filmes Avulso


Nos últimos tempos tenho visto alguns filmes que não me têm suscitado vontade de escrever mais que umas linhas sobre eles (e não é que não tenha apreciado alguns deles), por isso vou juntá-los a todos num único post.



 Sightseers (2013)

Uma história de amor psicopata num estilo de comédia negra que começa muito bem mas que a partir duma certa altura se começa a arrastar entediantemente. Quando falo em psicopatas, devo acrescentar no entanto que os amantes protagonistas estão mais para um carrossel de esquisitos (ou para os crimes exemplares de Max Aub) do que para Mallory e Mickey Knox.



Iron Man 3 (2013)

Não sendo um grande filme é sem duvida um filme grande (demais). Tirando esse defeito, é um filme proporciona um momento de bom entretenimento que não envergonha ninguém. O Ben Kingsley tem um papel bem castiço.



1001 Filmes: A Festa de Babette (1988)

Um da lista dos 1001 Filmes para ver antes de morrer. Uma história simples filmada de modo melancólico e cândido mas bastante caloroso, apesar do ambiente nórdico. No entanto por falta de tensão e conflito na história, o filme nunca passa de morno para quente.

 

Not Suitable For Children (2012)

Uma oportunidade para ver o "Jason Stackhouse" fora do ambiente vampírico mas ainda dentro da veia cómico-sexual. A premissa podia indicar um desastre (a história do boémio que descobre que vai ficar infértil e em poucos dias decide que quer engravidar alguém e ser pai) mas a comédia acaba por conseguir manter o nível acima da linha. No final, fica uma comédia romântica agradável, contemporânea, descomplexada e liberal mas não ordinária. A componente feminina do filme, Sarah Snook, promete ser uma figura a reter.



Easy A (2010)

Ainda dentro das comédias românticas ligeiras, segue-se outra em que a componente feminina é cinco estrelas, como seria de esperar da sempre carismática Emma Stone. O filme é inspirado na história de A Letra Escarlate, lidando com o impacto da reputação e julgamento social. O melhor do filme (tirando a Emma Stone) são os diálogos cheios de jogos de palavras, tornando o filme numa comédia ligeira mas inteligente.



Evil Dead (2013)

Um remake ou uma sequela? De bom tem o tratamento do gore, sempre de frente, sem desviar o olhar, de mau tem a ausência de terror propriamente dito, isto é, não mete medo (mas também não tem a componente de comédia nojenta do segundo Evil Dead ou do Braindead para compensar). De melhor, talvez a resolução fazer sentido, de péssimo o facto de ser tão previsível e mesmo assim o óbvio levar tanto tempo a desenvolver-se.



World War Z (2013)

Entretenimento sólido, em boa parte por causa dos desempenhos dos actores. O argumento tem uns quantos disparates sem sentido mas no entanto se o filme seguisse o caminho racional a demanda do herói tinha acabado logo na primeira paragem e pronto, acabava-se o filme em menos de meia hora. (Já agora um aparte, vi em 2D e não notei nada que justificasse pagar o extra e suportar a porcaria dos óculos do 3D).







quarta-feira, 3 de julho de 2013

Spring Breakers (2013)




Em 1995 quando Kids, o filme de Larry Clark escrito por Harmony Korine, saiu eu tinha 14 anos. Podem imaginar quão perturbada estava quando acabei de ver o filme. Nunca mais o voltei a ver: desconfio que foi um efeito de choque irrepetível e acredito que haja uma forte probabilidade de hoje se o visse achá-lo sensacionalista e superficial.

Quase 20 anos depois (20 anos... vinte... VINTE anos... até me apetece dizer um palavrão...), Harmony Korine volta a escrever (e desta vez a realizar também) um conto sobre uma geração vazia de valores morais e os seus rituais. 

Quatro universitárias, amigas desde infância, desejosas de se alienarem dos seus dia-a-dias cinzentos, decidem-se a ir em viagem em direcção ao sol da Flórida, numa viagem de Spring Break (no espírito do que no Algarve ou nas praias de Espanha seria uma viagem de finalista). E decidem ir a todo o custo e sem travões. Ou pelo menos duas delas, já uma outra vai meio de arrasto no espírito conformista adolescente da lealdade para com os amigos de sempre (mesmo que entretanto a vida tenha feito com que os amigos de sempre já não tenham muito a ver connosco) e a outra vai no espírito da coisa mas com limites.


Talvez o filme possa ter para uma geração mais nova o mesmo efeito de choque que o Kids teve para mim. Mais que não seja para um público que cresceu com as actrizes protagonistas, até agora mais ligadas a um universo infanto-juvenil. Mas estando fora desse segmento de público, a verdade é que passei a maior parte do filme a pensar "tou velha demais pra esta m***da"!

O filme soube-me a um videoclip entediantemente longo, uma sucessão de cenas de jovens a posarem e mostrarem as mamas em câmara lenta ao som de uma batida sonora qualquer, com diálogos esparsos, repetitivos e em voice-over. As personagens principais foram insuficientemente desenvolvidas para terem credibilidade ou para terem tensão interior. Tudo acontece superficialmente. Talvez essa superficialidade faça parte da mensagem do filme mas a mim Spring Breakers pareceu-me só um exercício de estilo vazio e sensacionalista. E pronto, é por isso que me recuso a voltar a ver o Kids.