quarta-feira, 2 de novembro de 2011

AmadoraBD 2011



Agora que já se passaram dois fins de semana e um feriado e que eu já tive tempo de ver a quase totalidade das exposições, chega-me a vontade de fazer um balanço do festival. Incompleto talvez, porque ainda falta um outro fim-de-semana (provavelmente aquele que pessoalmente mais me diz respeito): o fim-de-semana do Cosplay, da apresentação do livro Mahou - Na Origem da Magia, meu e do Hugo Teixeira, entre outras coisas.



Panorâmica Geral:
Este ano como sabem o tema do festival é o Humor, tema muito conveniente a estes tempos a que sobrevivemos. A imagem do festival foi desenhada pelo autor Filipe Andrade e a opção foi pelo conceito da família que se mascara de super-heróis usando as cuecas como máscaras. No desenho o conceito resulta razoavelmente, mercê do trabalho gráfico do Filipe Andrade que deu um ar verdadeiramente castiço aos personagens (isto apesar de o cartaz final na globalidade pudesse ter saído mais vistoso e chamativo) mas no vídeo promocional o conceito estatelou-se ao comprido, de tal modo que mais vale seguir em frente e nem falar mais do assunto.

Mais uma vez o núcleo central festival está patente no Fórum Luís de Camões, lugar que não sendo perfeito, a mim, desde o início da sua utilização, me parece dos melhores, senão o melhor (os amantes da Fábrica da Cultura que me perdoem) por onde o festival já passou. Pena só que os custos anuais na infra-estutura e carpintaria que o espaço necessita para montar o festival sejam tão elevados.

Em termos de concepção de espaço em geral, este ano houve bastantes melhorias funcionais, em relação aos últimos anos, em especial no piso inferior, havendo para mim apenas uma decisão de resultados muito duvidosos: a transferência do palco para o piso inferior, que é essencialmente um parque de estacionamento, por isso tipicamente com uma péssima acústica (dentro da dinâmica do ressoamento ensurdecedor). Uma decisão positiva na minha opinião foi o fusão do auditório das conferências com o das animações, maximizando o aproveitamento do espaço e trazendo para maior destaque quer uma coisa quer a outra.

Mercê do tema ou de uma certa animação na produção nacional, o público este ano tem aderido ao festival. Depois de um festival cinzento e deprimido no ano passado, sabe bem voltar a ver o estacionamento cheio, as exposições cheias de pessoas de todas as idades e as lojas com razoável quantidade de clientes.


Exposições:
Em ano de crise diminuíram-se a quantidade de exposições, o que se nota sobretudo no piso inferior, que este ano não foi utilizado na sua totalidade. Claro que é bom ter muita variedade de exposições mas sinceramente este ano parecem-me mais na quantidade certa: para quem vinha um só dia ao festival era saturante ver todas as exposições de seguida: a meio do 2º piso surgia com frequência a vontade de dizer “Eh pá, ainda há mais?!”. Este ano acho que num dia se consegue ver tudo sem ser cansativo e ainda sobra um bocadinho para convívio, vasculhar as lojas, comer um gelado ou umas pipocas ou participar numa outra das actividades extra.

No piso de cima, a concepção do espaço continua a pecar um pouco por ser labiríntica e apostar nos becos-sem-saída, de tal modo que agora que escrevo dou conta que falhei certamente uma das exposições, a do Geral e Derradé (felizmente há mais um fim-de-semana). Para além da habitual exposição do Concurso de BD, bastante interessante, cujo prémio maior foi arrecado por Joana Afonso, neste piso pode-se ver a exposição central, dedicada ao tema do festival. Organizada por épocas, desde 1800 até à actualidade, apresenta uma mostra bastante educativa e transversal, com várias colecções fascinantes de originais e uma cenografia simples mas eficaz e interactiva.

Também podemos ver uma exposição sobre Peanuts, a série com Charlie Brown e Snoopy, do falecido Charles Schulz, também muito bem enquadrada em termos históricos, com merchandise interessante (uma colecção de Snoopys vestidos por costureiros conhecidos e designers de moda) mas com alguma pena minha, com poucos originais.

Ainda também uma exposição sobre o autor brasileiro Luís Gê, uma colectiva relacionada com a Sociedade dos Humoristas Portugueses criada em 1911 e o associativismo na altura e na actualidade, uma exposição sobre o trabalho de Carlos Roque, outra comemorativa dos 50 anos da publicação de Astérix na revista Foguetão, uma outra sobre o projecto SOS Aircraft, uma parceria com o Festival Internacional de Banda Desenhada de Lausanne, Suíça, onde vários autores foram chamados a reinterpretar as instruções de segurança dos aviões (nalguns casos com muita graça) e a exposição do livro Há Piores de Geral et Derradé.

O piso de baixo contou este ano com a tal redução de exposições, o que para além de diminuir o cansaço do visitante possibilitou também uma concepção de espaço mais arejada e mais favorável ao convívio.

Neste piso estão presentes várias exposições de autores portuguesas relativas aos prémios de BD deste ano, do ano passado e a algumas edições deste ano. Temos assim, no âmbito dos prémios do ano passado uma sobre o Asteroid Fighters de Rui Lacas (interessante mas pelo menos para mim não foi uma novidade, tendo-a visto ou em Beja ou já aqui na Amadora anteriormente), outra sobre o livro infantil O Homem que Ia Contra as Portas de Richard Câmara e Ana Leonor Tenreiro (interessante no conteúdo e na cenografia), uma exposição sobre o trabalho de Filipe Andrade, desenhador do BRK e de vários comics da Marvel e uma exposição sobre o Tudo sobre os Celibatários de Nelson Martins e Valéry Der-Sarkissian, prémio de Melhor Obra de Autor Português Publicada no Estrangeiro.


Depois, nas novidades editoriais, estão presentes exposições sobre o Under Siege, o primeiro jogo de Playstation português, onde podemos encontrar trabalhos relativos à concepção gráfica do jogo assim como da banda desenhada que acompanha o jogo (que se pode jogar na exposição aliás); Dog Mendonça e Pizzaboy 2 - Apocalipse, de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa, numa das exposições melhor conseguidas do festival, construída em torno da ideia que um livro de BD vai desde o argumento ao livro final, equilibrando a atenção entre a ideia, a palavra, a imagem e a passagem de umas para as outras, não se focando somente no trabalho gráfico, tal como no ano passado aconteceu com a exposição do livro É de Noite que Faço as Perguntas e por fim uma exposição relativa ao livro O Pequeno Deus Cego do argumentista David Soares e ao trabalho de Pedro Serpa (o seu desenhador), trabalho esse que para mim foi a surpresa do festival (sim, que cada ano há sempre um autor pelo menos que não conhecíamos e que o festival nos apresenta), ficando definitivamente com ele debaixo de olho.


Actividades Extra:
Não tive oportunidade de participar em muitas. Das apresentações até agora só tive oportunidade de ir à do Voyager do grupo R’lyeh Dreams. À do Dog Mendonça e Pizzaboy tive disponibilidade mas o auditório não teve disponibilidade para mim: estava cheio à pinha, como provavelmente nunca visto no festival. Muito bom sinal!

Os apontamentos musicais foram todos de bradar aos céus, não necessariamente porque fossem maus mas porque não eram adequados a um parque de estacionamento. Pela parte que me toca se tiverem de fazer contenção de custos era aqui que deviam começar.

Dos filmes de animação calhei a ver um. Não sei qual foi mas infelizmente era bastante mau. Espero ter melhor sorte pra próxima.

Este ano há falta de cafetaria própria o festival disponibiliza máquina de café e de comida, o que funcionalmente resulta e para além das já habituais pipocas, este ano há gelados artesanais bem bons! Oh lala!


Publicações:
Este ano os lançamentos de material estrangeiro estão escassos mas em contrapartida os lançamentos nacionais parecem fervilhar (até a mim me aconteceu... :-P). É bom não só para que o mundo da BD nacional não morra mas também porque creio que esteja a contribuir para o aumento da afluência ao festival tendo em conta que na globalidade destes lançamentos sinto um reaproximar despretensioso e sem complexos dos artistas de BD nacionais ao grande público. Em pormenor irei falar destes lançamentos num post posterior.


Prémios Nacionais de BD:
É outro assunto em que não me vou alongar: foram salvos pela atribuição mais que merecida do Prémio de Melhor Álbum ao precioso livro de Paulo Monteiro, O Amor Infinito que te Tenho, que merece todos os parabéns e louvores possíveis.



Pessoalmente:
Este foi um festival diferente para mim: depois de ter a perspectiva primeiro de leitora, depois de comerciante, agora juntei-lhe a de autora. É giro, às vezes um bocadinho intimidante (para mim que sou tímida e introvertida, pelo menos) mas o que tenho gostado muito ao longo destes anos é do que essas várias perspectivas me foram permitindo: conhecer um grupo de pessoas que se foram tornando amigos, alguns que só encontro nestas ocasiões e ver que todos os anos há mais uma ou outra excelente adição a este leque.

E pronto, pró próximo fim de semana há mais, venham juntar-se a mim e ao Hugo pra dois dedos de conversa, uns desenhos e a apresentação oficial do Mahou - Na Origem da Magia. E depois disso: pró ano, há mais e nós lá estaremos!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mahou - Na Origem da Magia


No dia 12 de Outubro vai sair para o mercado o livro de banda desenhada Mahou - Na Origem da Magia, o primeiro feito em parceria por mim (argumento) e pelo Hugo Teixeira (desenho). É uma incursão pelo mundo da magia, num estilo juvenil, mas que pode ser lido por jovens de todas as idades.

O formato é europeu, cartonado e de 64 páginas. A história é auto-conclusiva mas será a primeira de um ciclo.

Apesar de só sair dia 12, já está em pré-reserva em várias livrarias.

Espero que gostem e espalhem a mensagem. :-)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

The Fright Night

Voltei ao blog!

Acabei de ver The Fright Night e poderia dizer: Bah! Mas um filme de vampiros, com uma história um tanto ao quanto vulgar que por um acaso até entra o rufia (mas bom actor) Colin Farrell que não faz absolutamente nada durante o filme...  mas não!!
Porquê?
Está lá David Tennant e faz um papel do caraças!!!

Sou um tanto ao quanto suspeito para falar sobre isto, mas é como se espelhasse ali a personagem do Docto Who.

Espero realmente ver David Tennant em papeis principais nos próximos tempos. E um actor que transmite garra, uma loucura ou insanidade ao qual estava habituado nos episódios do Doctor Who.

P.S.:isto é uma opinião comentário, crítica - ou como lhe queiram chamar - de um geek.

Bem, contas feitas;
Filme:

David Tennant:

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

1001 Filmes: Butch Cassidy & The Sundance Kid



Nota: Este post foi instigado pelo livro "1001 Movies You Must See Before You Die".

Nos finais do século XIX, Butch Cassidy e Sundance Kid juntaram-se numa carreira dedicada ao crime no Velho Oeste. Formaram o The Wild Bunch, um bando lendário dedicado ao assalto a bancos e comboios e, no início do século XX, perseguidos pela Agência de Detectives Pinkerton, fugiram para a América do Sul acompanhados por Etta Place, a companheira de Kid, onde supostamente vieram a falecer. Viveram uma vida de crime e aventura, envolta em vários mistérios, mas ficaram bem presentes na memória e cultura populares.

Em 1969, George Roy Hill imortalizou-os num filme fascinante que juntou duas lendas do cinema: Paul Newman e Robert Redford. E que abençoada união: é a química entre estas estrelas e entre as suas personagens tão opostas mas tão complementares que dá brilho ao argumento sagazmente satírico de William Goldman. Todo o filme é um sem parar de frases e diálogos memoráveis mas são os actores quem lhes dá a credibilidade e substância.

Produzido num período que viu o conceito tradicional e conservador do Western derivar nas mais diversas leituras  revisionistas do géneros, este filme não deixa de mostrar as marcas do seu tempo. A banda sonora é um dos aspectos mais óbvios, tendo para a história ficado a música de Burt Bacharach "The Raindrops Keep Falling on my Head", a qual apesar de criar um momento simpático no filme, destoa notoriamente da época retratada (tanto quanto Brian Adams num filme sobre Robin Wood...). Mais positivamente no que respeita a marcas dos anos 60, há também um certo aroma da liberdade sexual hippy na maneira ligeira, deliciosa e por vezes desconcertante como é retratada a relação de Etta Place com os dois bandidos. Sem falar no já referido tom de comédia e sátira que permeia o argumento.

Ver Butch Cassidy & The Sundance Kid (ou em português, Dois Homens e Um Destino) é ainda hoje um prazer feito de diversão e aventura e é notório que daqui beberam sem dúvida muitas das duplas de acção/comédias do cinema americano, como por exemplo a de Arma Mortífera.

domingo, 18 de setembro de 2011

1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer



Qualquer lista deste tipo será sempre incompleta ou contestável, mesmo que a lista pela quantidade de entradas, 1001, seja bastante abrangente. Claro que muitas vezes a polémica de uma lista de tops ou de must sees depende tanto da atitude de quem a lê como do método e intenção de quem a produz.

Há uns anos atrás ofereceram-me o Livro "1001 Movies You Must See Before You die" mas foi só no ano passado que comecei a usá-lo como menu para viagens à história do cinema. O livro em si é uma compilação dos tais 1001 filmes, ordenados por ordem cronológica, acompanhados sempre por um comentário sobre o filme e os motivos da sua inclusão, que variam desde a importância do filme no plano social, à qualidade artística, à inovação que representaram na industria do cinema, ao sucesso em se estabelecer como um marco na cultura popular, entre outros.

A versão que tenho em casa é a de 2004, revista de modo a englobar filmes até 2001. Já existem no mercado versões mais recentes mas gosto desta versão: para escolher filmes para esta lista, parece-me a mim, que será bom haver algum distanciamento. Há filmes que não falharão qualquer lista dos melhores que se publicam todos os fins de ano que não sobrevivem ao passar do tempo, enquanto outros mais despercebidos no momento, vêem avolumar a sua importância e legado com o passar dos anos. Por outro lado, numa lista com um número fixo, a entrada de novos filmes implica a saída de outros e sei lá se no meio desses não está um filme que de outro modo não me ocorrerá ver mas que sei lá se não será um dos filmes da minha vida?

Bem, isto tudo para dizer que no ano passado comecei a apontar os que já tinha visto (cerca de um quarto) e a pensar que está ali muito filme que eu até era capaz de gostar de ver. E filme a filme quem sabe chegar pelo menos a metade (que todos é pouco provável, já que há vida para além disto e há para ali muitos que não me atraem). E como este fim de semana vi mais um, vou aproveitar para criar uma nova etiqueta para o blog: 1001 Filmes.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

True Blood 4ª temporada



Chegou ao fim mais uma temporada de True Blood, a quarta. A terceira temporada havia acabado com as personagens dispersas, cada qual embrenhada nos seus problemas e motivações pessoais, ficando para  a quarta temporada a tarefa de voltar a encontrar um fio condutor. E entre terminar enredos obsoletos (como toda a desnecessária história das panteras-homens), pôr em stand-by a dificuldade em arranjar uma maneira de lidar com a origem dos poderes de Sookie que não nos faça revirar os olhos com a foleirice e dirigir os restantes enredos para uma história comum passou-se quase uma temporada inteira. Mas por fim lá se conseguiu encontrar o caminho, graças ao aparecimento de um inimigo comum: bruxas necromantes, especialmente a personagem de Marnie/Antonia. E felizmente foi um caminho para um final em grande, com direito a vários banhos de sangue e ao adeus a personagens importantes.


Pelo meio temos o desvendar das reais motivação de Bill e o seu passado punk (?!), um Eric versão "pãozinho sem sal" com olhos de cachorro abandonado, uma ménage à trois imaginária entre os dois e Sookie, entre outros momentos memoráveis. Numa outra perspectiva ainda, esta temporada parece-me uma forte candidata ao prémio da "temporada em que o Eric Northman passa mais tempo al fresco": um bem-haja a essa iniciativa.

Em geral, claro que o primeiro episódio verdadeiramente emocionante só ter surgido ao 10º episódio (numa série de 12) não diz muito bem desta temporada mas que nos últimos episódios a série se tenha recomposto e recuperado o fôlego, poderá ser um bom prenúncio para a quinta temporada. Façamos figas.



sábado, 10 de setembro de 2011

Cinema: (500) Days of Summer


This is not a love story. This is a story about love.

Pela parte que me toca um filme que comece ao som de Regina Spektor já tem logo aí despachado metade do trabalho para me conquistar. E depois de um desenvolvimento ondulante acaba de vez por completar esse trabalho muito perto do final com o brilhante (mesmo que não original) momento das Expectativas vs. Realidade.

(500) Days of Summer é uma comédia dramática de 2009 realizada por Marc Webb, que conta a história da relação do apaixonado Tom (joseph Gordon-Levitt), um escritor de postais e Summer (Zooey Deschanel), uma secretária da empresa onde Tom trabalha que não acredita no amor. Ao sabor de dias e momentos quase aleatórios vai-se desenhando esta história ora amarga, ora doce e ilustrada por um estilo visual quase dentro do realismo mágico, que por vezes nos proporciona belas imagens do maravilhoso quotidiano mas que nalguns momentos caminha demasiado perto das fronteiras do forçado. Também a história vai caminhando numa corda bamba entre as convenções do género e o inesperado até ao abençoado final agridoce que eleva o filme muito para lá da maioria dos seus congéneres.

No seu todo há mais que suficiente beleza, doçura, amargura e tristeza mas também a certeza de que mesmo que no amor se tropece o caminho é em frente, em direcção à próxima tentativa e erro ou quem sabe ao prémio final, para que depois de ver (500) Days of Summer o filme fique connosco.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Hellboy R.I.P




Mais uma grande personagem da BD americana vai encontrar a morte nas páginas de um comic: Mike Mignola anuncia a morte de Hellboy no último número do arco "The Fury", sem que isso no entanto queira dizer o fim das histórias fantásticas e sobrenaturais da personagem. Mignola promete que muitas histórias do passado estão ainda por contar.

Com um pouco de sorte teremos aqui uma morte de super-anti-herói respeitável, nada dessas mortes super-heróicas que duram 3 quinze dias.

Fica aqui o anúncio do autor:

"I've been planning this one for a long time. Well, sort of.

Almost from the beginning of Hellboy I knew that if the series went on long enough, I would eventually kill him. I didn't know exactly how or when, but I figured that when the time was right I'd know. I actually did kill him off in the middle of The Island, but it didn't take—it just wasn't quite his time yet.

When Hellboy quit the B.P.R.D. (at the end of Conqueror Worm) and ended up at the bottom of the ocean (The Third Wish), I could see we were headed in this direction. When Duncan came onboard to draw Darkness Calls, I told him I wanted him for a three-book arc and I knew the third book would end in Hellboy's death. I know back then I had a rough idea for the third book, but over the years its plot changed so many times—I'm sure Duncan must have heard me tell him half a dozen different versions of it over the years, and (I hope, for his sake) he must have just stopped listening after a while. I remember that at one point the Gruagach (the long-suffering pig-man) was going to become the major villain and he would be the one to kill Hellboy, but, as is so often the case, these characters don't always stick to the roads we make for them. Gruagach in particular took on a life (a very sad life) of his own, and the story sort of followed after him. I had to trust that he at least knew where he was going and it turned out that he did. When I asked Scott Allie (long-suffering editor) if I could have a couple extra pages for The Fury #3, it was so I could give Gruagach a proper exit. I just couldn't leave him hanging in that tree.

And speaking of hanging in a tree—that's probably where I'd have ended up if I'd tried to draw these last three books myself, so thank you, Duncan Fegredo. The simple truth is that Duncan is amazing. His storytelling is spot on, and he has a nearly inhuman ability to draw everything well. When I write for myself, I tend to avoid certain things, but with Duncan as artist I was free to write the story I wanted to write without worrying about how to draw Hellboy kissing a girl or what a helmet made of birds would look like. And, in my humble opinion, Duncan is one of the best artists working when it comes to giving characters real personality and emotion. I was spared writing a lot of awkward dialogue, because when Duncan draws two characters looking at each other, more often than not you can tell what they're thinking. I would say I'll miss writing for Duncan but, fortunately, I don't have to. While I will be taking over the ongoing Hellboy story line (I've always said that in my world, when characters die they just become more interesting) as both writer and artist, there are still a lot of untold stories from Hellboy's past—a simpler time when he didn't have to worry about being the Beast of the Apocalypse or king of England. Duncan's agreed to stick around and draw a bunch of those. I couldn't be happier.

And now I have to get back to the drawing table.
- Mike Mignola"

domingo, 24 de julho de 2011

Saramago (Editora Vintage)



As capas clássicas dos livros do Saramago na Editorial Caminho são icónicas pela sua sobriedade. Mesmo com as novas edições com um estilo de capas diferente, são essas que me vêm à memória quando penso no escritor. Mas felizmente nem todas as editoras seguiram por esse caminho e uma delas, americana, criou uma colecção de capas que quase me dão mais vontade de comprar os livros nessa edição do que na portuguesa.









quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cinema: Confessions (2010)





Nos últimos meses nenhum filme teve tanto impacto na minha memória quanto Confessions (Kokuhaku) de Tetsuya Nakashima, um filme japonês de 2010.

Confessions é um conto intenso e perverso que segue a vingança de uma mãe, professora de ciclo, cuja filha de 3 anos foi encontrada afogada, sobre os alunos responsáveis por essa morte. Filmado a um ritmo lento mas hipnótico e servido por uma fotografia de tons frios que acentuam a desumanização dos personagens, o filme decorre como uma sinfonia bela e fria que de tempos a tempos explode em intensidade e crueldade. A sua beleza visual faz ainda mais sobressair a falta de capacidade de deslumbramento dos alunos perante o mundo. O estilo marcante do realizador, que por alguns seria usado quase como substituto a uma boa história ou que se poderia tornar maçador, funciona aqui perfeitamente como um assalto aos nossos sentidos, vincando a perversão e alienação que permeia não só a atitude da juventude representada no enredo como também a dos pais e professores.

Um filme intenso, com boas actuações , com um estilo invulgar e uma bela banda sonora. Um grande filme.

domingo, 10 de julho de 2011

The Unwritten TPB Vol. 1

(Este é um dos tais posts salvos do outro blog da Asa Negra, tendo sido pela primeira vez publicado em 11 de Fevereiro de 2010, sendo portanto de ressalvar que as referências temporais no texto estão desfasadas da actualidade.)



No mês passado saiu a primeira compilação duma das novas séries da DC Vertigo, The Unwritten. Esta série conta com a participação duma equipa já “clássica” da editora, Mike Carey e Peter Gross, responsáveis por grande parte da série Lúcifer, um premiado spin-off de Sandman e mais uma vez se vem a comprovar que é uma equipa vencedora.

The Unwritten conta a história de (dois) Tommy Taylor, por um lado, uma personagem dos mais bem sucedidos livros fantásticos infanto-juvenis (uma espécie de Harry Potter elevado à quinta-potência do sucesso) criado por Wilson Taylor (que desapareceu após a publicação do 13º volume) e por outro, o filho desse autor que em criança inspirou  a personagem e que agora na idade adulta continua perseguido pelo sucesso do seu correspondente virtual, o que o desagrada mas por outro lado se mostra incapaz de evitar, vivendo às custas desse sucesso. O desaparecimento do seu pai deixa um ressentimento e um cheiro a mistério na sua vida que juntamente com as incertezas quanto à sua origem real o vão lançar a caminho da auto-descoberta e do fantástico, sempre em redor da literatura e da fronteira entre a ficção e a realidade.
 
Numa perspectiva mais abrangente, The Unwritten é uma história sobre o poder do texto e da palavra escrita sobre o mundo real, sendo estes capazes de moldar a realidade através do seu peso e da sua influência e de como esse poder pode ser condicionado por alguns para manipular o mundo a seu interesse. O poder mágico e sobrenatural da palavra escrita para criar mundos fantásticos é assim também usado como uma metáfora para a capacidade real que variadas obras ao longo dos séculos tiveram para moldar a imaginação, os sonhos e a vontade de determinadas gerações, assim como a capacidade que algumas obras tiveram para mudar a história da humanidade, gerando novas maneiras de pensar e de agir, impulsionando movimentos e revoluções ou tornando realidades distantes muito mais próximas. A palavra escrita criou o nosso mundo real, ficção a ficção.

 O enredo de Mike Carey toma estas premissas e segue desenvolto através dos mais variados estilos e meios: a vida do Tommy Taylor “real” corre entremeada por excertos da vida literária do Tommy Taylor “ficcional” e a ela juntam-se aparições das mais recentes aventuras da palavra escrita, a Internet, por meio de blogues e chats. Esta primeira compilação traz ainda uma história que nos relata a vida do autor Rudyard Kipling, que nos afasta da história de Tommy, como quem faz Zoom Out num mapa, para nos mostrar que as raízes deste mistério e o braços desta conspiração são muito mais abrangente do que o esperaríamos.

A arte de Peter Gross enquadra-se perfeitamente na história.  O seu estilo é um dos que já é imagem de marca no universo mágico e fantástico da Vertigo que rodeia a série Sandman (ainda que aqui não haja uma ligação directa), criando ambientes um pouco lúgubres e desencantados que imprimem um gosto real ao elemento fantástico, como se a magia se tornasse ainda mais mágica por aparecer nos sítios onde menos se espera e que quase sempre também são os sítios que mais precisam dela. 

Também mágicas são as capas de Yuko Shimizu, sendo que a série estreou-se com aquela que talvez seja a minha capa preferida do ano passado, pela elegância e simbolismo com que explora o conceito da história. Nela vemos o protagonista enredado num mundo caótico de letras e palavras ainda não escritas, preso num universo em desordem que apenas pelo texto poderá ganhar solidez real e organização. E é através do protagonista, no fundo um messias, e do seu sangue, do seu suor e do seu sofrimento que o mundo ainda não escrito se tornará escrito e pleno. 

The Unwritten é sem dúvida uma série a seguir, para mim uma das melhores das mais recentes séries da Vertigo.

Um regresso...

Um ano e meio passou e muita coisa mudou. No entanto, apesar da nossa loja já não se encontrar em funcionamento, não há real necessidade de deixarmos morrer o blog. Assim vamos regressar a este endereço e aproveitá-lo para tudo o que nos der na telha: críticas de livros, de bd, de cinema, apontamentos sobre a vida, curiosidades e perplexidades que nos apoquentem. O que seja.

Do ano que durou o site no endereço do post anterior há alguns textos que gostaríamos de salvar. É por isso possível, que devidamente assinalados, os venhamos a colocar aqui para memória futura.