Sentimos necessidade enquanto livreiros de fazer um outro post sobre o Festival de BD da Amadora deste ano. Um post com uma perspectiva mais azeda e desagradável, a nossa perspectiva não só enquanto livreiros mas sobretudo enquanto agentes intervenientes no mundo da BD nacional.
Em Julho passado contactámos com a organização do festival por email para apresentar algumas propostas e tentar perceber até que ponto elas poderiam ser exequíveis. A primeira delas prendia-se com a vinda ao festival de uma mangaka francesa, vinda relevante não só pelo valor desta mas também pela actualidade da comemoração dos 20 anos de Manga na Europa e pelo crescente interesse das novas gerações por este estilo. Somos novos nas andanças no FIBDA (agora é Amadora BD, nós sabemos, mas FIBDA é mais cómodo por ser mais curto) e queríamos saber como se processa a vinda e convite de um autor estrangeiro, sendo que tínhamos já a luz verde e o interesse da autora, que a vir iria preterir um festival francês a favor do FIBDA. Após vários contactos por email e telefone a única resposta que tivemos foi inicialmente a dizer que a proposta ia ser reencaminhada para uma outra pessoa da equipa.
Em Julho passado contactámos com a organização do festival por email para apresentar algumas propostas e tentar perceber até que ponto elas poderiam ser exequíveis. A primeira delas prendia-se com a vinda ao festival de uma mangaka francesa, vinda relevante não só pelo valor desta mas também pela actualidade da comemoração dos 20 anos de Manga na Europa e pelo crescente interesse das novas gerações por este estilo. Somos novos nas andanças no FIBDA (agora é Amadora BD, nós sabemos, mas FIBDA é mais cómodo por ser mais curto) e queríamos saber como se processa a vinda e convite de um autor estrangeiro, sendo que tínhamos já a luz verde e o interesse da autora, que a vir iria preterir um festival francês a favor do FIBDA. Após vários contactos por email e telefone a única resposta que tivemos foi inicialmente a dizer que a proposta ia ser reencaminhada para uma outra pessoa da equipa.
A segunda proposta foi a apresentação de um workshop sobre manga, contando com a autora francesa e Hugo Teixeira. Mais tarde após a prolongada ausência de resposta da organização, a referida autora acabou por responder favoravelmente à proposta que havia recebido do festival francês e nós alterámos o workshop para contar com presença de 6 autores nacionais que o fariam sem qualquer custo inicial para o festival. Foi também enviado o esquema do workshop, com os tópicos a serem nele trabalhados. A esta proposta de um workshop nunca tivemos qualquer resposta.
O terceiro tópico prendia-se com a nossa presença no espaço comercial do FIBDA. Já no ano passado lá havíamos estado num stand conjunto com a editora Pedranocharco e este ano pretendíamos estar num stand em nome próprio. A primeira resposta foi que iriam enviar um formulário para preenchermos. Depois entraram Agosto e as férias, as idas à China e afins e deixámos de ter resposta. Em Setembro por telefonema nosso, foi-nos dito que “ah e tal, isto estava complicado porque este ano a zona comercial era reduzida… Ainda estamos a ver.” Não voltámos a ter resposta até hoje e já o FIBDA acabou. Entretanto obviamente desistimos e fomos pela mesma via do ano passado, quando a Pedranocharco pediu um stand, pediu-o para partilhar connosco. (O que ao fim e ao cabo acabou por ser uma sorte senão teríamos como divisória uma parede grossa a atravancar ainda mais o nosso espaço comercial.) Parece-nos um tanto ou quanto ridículo que tendo antecipadamente a noção do exiguidade do espaço comercial não se alterassem planos para alargá-lo (sendo que havia vários espaços do piso -1 desaproveitados que para isso serviriam) e ainda mais ridículo que se trate tão tardiamente da zona comercial e se seja tão ineficiente a fazê-lo.
Por isto tudo, quando vemos post em blogues e em fóruns a perguntarem porque não fazem mais os agentes da BD para dinamizar o FIBDA ou a gabar os que o conseguiram fazer, nós não podemos deixar de sentir uma certa irritação porque nós TENTÁMOS fazê-lo mas apenas para descobrir que ou o FIBDA não está de todo interessado na dinamização da banda desenhada ou então está interessado mas só em propostas de editoras e livreiros seleccionados e já bem instalados no meio.
Apesar de sermos novos no ramo e não termos o peso de quem já cá está há muitos anos, TENTÁMOS e gostaríamos de ter tido resposta, fosse ela positiva, fosse ela negativa (acompanhada da justificação), fosse ela um “seria interessante mas já vem em cima do tempo para este ano” ou um “seria interessante mas noutros moldes”, qualquer uma, desde que implicasse respeito e abertura. O que afinal encontrámos foi um obstáculo e assim como a nós aconteceu, também aconteceu a outras organizações.
Entretanto quanto à primeira proposta, a autora em questão, Raphaëlle Marx, criadora da série de manga, Debaser, editada pela Ankama Editions virá a Portugal, já não a nosso convite ou do FIBDA mas a convite da Odd School para a apresentação de uma Master Class de Manga, sobre Desenhos e Personagens. Quanto à segunda proposta, foi igualmente remetida para a equipa do Festival de Beja que já respondeu com interesse, prontidão e com sinal positivo. E é no contacto com o Festival de Beja que sentimos ainda mais a diferença, sendo que à partida teríamos tantos motivos para sermos bem ou mal tratados em qualquer dos dois festivais, mas num a face que nos mostram é de distanciamento, de desinteresse e de desigualdade no tratamento; noutro é a face do interesse, disponibilidade e abertura. Diferença que vemos também por exemplo no facto de após termos tido já contactos enquanto loja com ambos festivais, de Beja recebemos usualmente notícias e press-releases, de Amadora nada.
Numa última nota, queríamos agradecer ao Pedro Mota, com quem contactámos antes de enviar o mail à organização e que foi bastante prestável, encaminhando-nos e dando-nos algumas dicas, apesar de não pertencer à equipa oficial da organização. Infelizmente, dizemos nós, pela parte que nos toca.
Nós tentámos e vocês?...
Boas,
ResponderEliminarPercebendo bem que isto responde em parte ao meu desafio (e não vendo nada de inconveniente nisso, antes pelo contrário), cumpre-me, antes de mais nada, lamentar o que vos foi feito (ou antes, o que não foi). Gostaria de me mostrar surpreso, mas não fico.
Ao contrário do que possam pensar, os meus "privilégios" perante a organização resultam sobretudo de uma insistência, por vezes de um massacre, constantes, perante quem de direito. Não julguem que várias das minhas ideias ou propostas não ficaram pelo caminho ou que foram sequer respondidas. Aconteceu noutros anos, aconteceu neste e sei bem que continuará a acontecer no futuro.
O principal e mais útil conselho que vos posso dar é planearem as coisas e fazerem as propostas mais cedo, logo em Março, para que haja mais tempo para insistir, mais tempo para massacrar e, consequentemente, mais tempo para respostas e menos para desculpas.
De resto, não se sintam pessoalmente ofendidos ou meindrados pelas "ausências" da organização. Calha a todos, mesmo. E acreditem que certa comparação que foi feita entre a área comercial dos "pobres" e a dos "ricos" se esqueceu de duas coisas: a primeira é que a tal área dos "pobres" tinha melhor localização e uma visibilidade muito superior; a segunda é que é perfeitamente normal que se comece pela área dos "pobres" ou, no mínimo, com um stand pequeno dos "pobres". Em 1999, comecei assim, e tenho felizmente crescido. Outros houve que fizeram o caminho inverso; isso também é culpa da organização?
Uma última nota: não desistam, por muita vontade que às vezes dê. E, sobretudo, não me endemonizem nem me julguem pelos olhos de outrem. Com todos os defeitos ou características que tenha, eu sou o que sou, não sou o que outros tentam por vezes transmitir de mim.
Olá,
ResponderEliminarSim, em parte é uma reacção ao teu post e à exortação do Pedro Mota para que os agentes da BD façam mais pelo festival.
Mas principalmente estamos a tentar passar a nossa posição quanto a esse assunto e a mostrar que nem sempre as coisas não se fazem por falta de interesse ou de empenho. E sobretudo estamos a responder à necessidade de mostrar a nossa perplexidade por o próprio festival mostrar tão pouco interesse em quem se tenta entusiasmar por ele.
Em relação às diferenças de tratamento que referimos, obviamente não te estamos a endemonizar, a ti ou à Asa ou a qualqer outro participante da zona comercial. Não são estes agentes, no fundo clientes directos do festival, a ter culpa das falhas na sua organização e planeamento.
Uma outra coisa que tenho lido também em vários posts e fóruns, é sobre o excessivo apontar de dedo aos aspectos negativos do festival. Pessoalmente, tenho-o apontado muitas vezes, mas não me sinto culpada nem acho que o deva deixar de fazer. Acho sim, que o apontar o que não está afinado e dar ideias sobre o que se poderia fazer para melhorar, pode ser um passo em direcção a futuras edições com poucos dedos apontados. Houvesse lá uma caixa de sugestões, meteria eu lá umas quantas.
Obrigado por vires cá deixar um comentário.
Ana Vidazinha
Olá Mário.
ResponderEliminarEu concordo com o teu ponto de vista ou análise ao festival. Mas de certa forma desde essa altura que sentimos uma certa falta de respeito pela organização.
Ainda nos devem uma resposta... eu sou muito correcto nessas coisas, tento responder a todos os emails que me são enviados, muitos deles nem que seja só com um sim ou não, ou um "nim".
O teu desfio ou post apenas despertou em nós a vontade de transmitir publicamente. Com isto dizer que também existimos, também estamos cá.
Não consideres isto uma guerra aberta pois não o será, um bem haja a quem realmente faz algo em prol da BD nacional ;)
Obrigado pelo comentário e pelas dicas.
Também irei fazer um texto fazendo o balanço deste Amadora BD, mas apenas na vertente "visitante" e "comprador". Quanto à parte "livreiro" não posso opinar, vocês o farão com muito mais propriedade.
ResponderEliminarabraço
Não considerei isto uma guerra aberta, Hugo, de forma alguma. O que eu gosto é de debater as coisas com frontalidade, mesmo que para isso recorra às vezes a um tom que possa parecer provocatório. Mas só o é no bom sentido, com o intuito de fazer as pessoas pensar e de suscitar, provocar reacções, lá está. Eu sei que nem sempre sou simpático, mas posso também garantir que jamais sou hipócrita. Prefiro arriscar-me a ferir a susceptibilidade de alguém, mas ser franco e directo e poder ajudar essa pessoa a progredir de facto, do que dar uma ou duas palmadinhas nas costas e dizer-lhe que é a maior, só a ajudando a estagnar.
ResponderEliminarHonestamente, posso até dar o teu exemplo: não me admira o que aconteceu à tua última edição, bem pelo contrário. Aliás, não escondo que já me tinha supreendido, pela negativa, com certas opções estilísticas tomadas nas duas anteriores e a pouca evolução que notei no teu traço e nas tuas histórias, quando é nítido que tens capacidade para isso e passos de gigante ainda a dar. Notei nas edições uma falta gritante de mão de editor, mas de editor real e não apenas de "publicador". E disse isto na altura ao Machado-Dias (e também a propósito de outros livros), pelo que não estou a cravar facas nas costas e ninguém.
Para terminar, volto apenas ao assunto principal: não desistam, façam o vosso planeamento para a próxima edição e "ataquem" cedo. E, novamente, não desistam. Nunca.
Devo dizer que também concordo contigo nesse teu segundo ponto.
ResponderEliminarDevo agradecer a tua frontalidade por teres manifestado a tua opinião directamente comigo. Mas penso que isso é uma discussão para ter noutro lugar e não aqui.
Foi pena ter tido tão pouco tempo na Amadora, poderíamos ter discutido vários desses aspectos que mencionaste.
E não, eu não desisto caso contrário já estaria noutro ramo e não estaria a fazer uns "bonecos" por puro prazer e divertimento ;)
Após a leitura do artigo do Mário Freitas, no seu blogue "Espírito Crítico" acerca do Amadora BD/2009,
ResponderEliminarescrevi um longuíssimo comentário e, no fim, tive de copiar duas vezes aquelas palavras esquisitóides tipo "abre-te Sésamo" e, no fim, não ficou lá nada, pq não sei quê tem de ser autorizado, e tal e coisa. Exasperante.
Mário, tento agora aqui (isto é original, estar a falar contigo no blogue de outro bloguista), mas já não estou com pachorra para repetir o que escrevi anteriormente no teu blogue.
Limitar-me-ei a dizer-te que achei a tua análise clarividente e positiva, mas, obviamente, optimista, na medida em que já tens mais experiência, a tua presença já está garantida nas condições que, mais coisa, menos coisa, pretendes, e que "last but not the least", a parte comercial correu-te bem. Óptimo.
A ti, Hugo Teixeira (e a si, Vidazinha, de que gostei de ler o comentário) terei de dizer que, no que concerne à falta de resposta às tuas propostas relativamente à hipótese de vir cá a mangaka francesa, há de facto algum atabalhoamento na organização do Festival nos últimos meses, porque, após as férias de Agosto, aceleram-se os contactos com entidades nacionais e estrangeiras. Eu já lá estive muitas vezes dentro do CNBDI, ao longo destes vinte anos, e falo do que vi.
Tal como diz o Mário, há que começar muito cedo, logo no início do ano, a fazer os contactos e a concretizar as propostas.
Concordo que isso é complicado, inclusive nesse caso do contacto com a mangaka que, se calhar, ainda não sabia qual ia ser a vida dela no princípio do ano.
Em resumo, gostei de ler as opiniões esclarecidas, para o bem e para o mal, de vocês os três.
Será que alguém do CNBDI recolhe estas opiniões, e lhe faz uma correcta análise? Duvido. E é pena.
Saudações bedéfilas.
GL
Descansa, Lino, já lá está no meu blog ;)
ResponderEliminarEu exerço a moderação de comentários, não por uma questão de censura ou o que quer que se pareça, mas apenas para evitar spamm, off-topics, trocas de insultos e afins.
De resto, estimo que tenhas gostado e que participes nesta nossa proveitosa troca de ideias.