quarta-feira, 3 de julho de 2013

Spring Breakers (2013)




Em 1995 quando Kids, o filme de Larry Clark escrito por Harmony Korine, saiu eu tinha 14 anos. Podem imaginar quão perturbada estava quando acabei de ver o filme. Nunca mais o voltei a ver: desconfio que foi um efeito de choque irrepetível e acredito que haja uma forte probabilidade de hoje se o visse achá-lo sensacionalista e superficial.

Quase 20 anos depois (20 anos... vinte... VINTE anos... até me apetece dizer um palavrão...), Harmony Korine volta a escrever (e desta vez a realizar também) um conto sobre uma geração vazia de valores morais e os seus rituais. 

Quatro universitárias, amigas desde infância, desejosas de se alienarem dos seus dia-a-dias cinzentos, decidem-se a ir em viagem em direcção ao sol da Flórida, numa viagem de Spring Break (no espírito do que no Algarve ou nas praias de Espanha seria uma viagem de finalista). E decidem ir a todo o custo e sem travões. Ou pelo menos duas delas, já uma outra vai meio de arrasto no espírito conformista adolescente da lealdade para com os amigos de sempre (mesmo que entretanto a vida tenha feito com que os amigos de sempre já não tenham muito a ver connosco) e a outra vai no espírito da coisa mas com limites.


Talvez o filme possa ter para uma geração mais nova o mesmo efeito de choque que o Kids teve para mim. Mais que não seja para um público que cresceu com as actrizes protagonistas, até agora mais ligadas a um universo infanto-juvenil. Mas estando fora desse segmento de público, a verdade é que passei a maior parte do filme a pensar "tou velha demais pra esta m***da"!

O filme soube-me a um videoclip entediantemente longo, uma sucessão de cenas de jovens a posarem e mostrarem as mamas em câmara lenta ao som de uma batida sonora qualquer, com diálogos esparsos, repetitivos e em voice-over. As personagens principais foram insuficientemente desenvolvidas para terem credibilidade ou para terem tensão interior. Tudo acontece superficialmente. Talvez essa superficialidade faça parte da mensagem do filme mas a mim Spring Breakers pareceu-me só um exercício de estilo vazio e sensacionalista. E pronto, é por isso que me recuso a voltar a ver o Kids.

3 comentários:

  1. A tua opinião estava semi-formada antes de ver o filme levando os teus orgãos sensoriais a captar um informação selectiva.

    Ou vimos filmes diferentes...

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    1. Ou então dá-se o caso simples de sermos pessoas diferentes. Com gostos e opiniões diferentes... não seremos os primeiros, certamente.

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  2. Com certeza que sim! Nem toda a gente tem sensibilidade para perceber o encanto dos filmes de korine e nem toda a gente fica encantada com a sensibilidade dos seus filmes. Mas existem vários indícios na tua crítica que me levam a achar que não tiveste atenta ao filme...

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