O criador de Weeds tem uma nova série, original do Netflix, mais uma vez baseada numa perversão da classe média-alta branca americana. Baseada no livro homónimo e autobiográfico de Piper Kerman, a série segue a estadia de Piper, uma autodenominada WASP com carreira, noivo e vida estável, numa prisão de baixa segurança por anos antes, numa fase mais rebelde, se ter envolvido numa relação amorosa com uma traficante (também ela a cumprir pena) e numa ocasião ter servido de transporte.
A história de Piper é no entanto apenas uma desculpa, uma chave para a série poder entrar naquele mundo condensado de mulheres de todas as origens, de todas as raças, orientações, personalidades, crimes e passados. Todas representadas com muita humanidade. E é nesse conjunto de tão variadas personagens e das relações que se estabelecem entre elas que a série tem o seu melhor.
Claro que com tantas personagens e histórias paralelas, a série poderia tornar-se demasiado dispersa mas aqui entra o benefício de se passar maioritariamente numa só localização: as histórias de cada personagem entrelaçam-se umas nas outras, porque a vida naquele ambiente funciona quase como um organismo único e complexo: uma alteração numa ponta, acaba sempre por ter efeitos noutra.
A primeira temporada via-a em menos de nada. Entre o fascínio das personagens e das relações entre elas, os momentos cómicos (o episódio da galinha), os momentos brutais (o final da temporada), o genérico ao som da Regina Spektor, cada episódio tem o condão de nunca fazer sentir que dura quase uma hora. Agora aguardo a segunda.
vou experimentar
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