Um filme sobre as repercussões de uma má decisão na vida de dois homens e das suas famílias. Luke (Ryan Gosling) confrontado com a existência de um filho recém-nascido que desconhecia decide enveredar pelo crime para poder sustentá-lo. Avery (Bradley Cooper) é o polícia inexperiente (e também pai recente) que o vai confrontar num momento trágico e desse confronto vão-se criar estilhaços que vão marcá-lo e mudar a sua vida. Anos depois, na vida dos filhos de ambos, esses estilhaços ainda se vão fazer sentir.
Por todo o filme pesa uma potente sensação de destino e tragédia iminente e é esse ambiente de tensão dado quer pela fotografia, quer pela banda sonora, o melhor que o filme tem. Em todas as personagens há um impulso inquieto que as leva a procurar fugir em frente, umas apenas para se encontrarem frente-a-frente com o tal destino trágico que as ameaça, outras conseguido evitá-lo.
Esta tensão, esta inquietude levou-me a gostar mais do filme do que aquilo que acho que ele realmente vale. Porque apesar de tudo é um filme com alguns defeitos. Despida do estilo com que foi filmada, a história perde o sentido da verosimilhança, há demasiada ambição nos volteios que o argumento dá, como se o autor se estivesse a esforçar demasiado para criar tragédias, interligações e sobressaltos. A sensação que me deixou é que os personagens agem de determinada maneira não porque a sua lógica intrínseca os guie mas apenas porque são uns joguetes na mão do destino (e são-no, não nas mãos do destino mas nas do argumentista).
Outra coisa que me inquieta (e isto já não tem a ver com este filme especificamente) é o papel do Ryan Gosling. Já sabemos que ele é excelente a fazer o papel do tipo calado e misterioso, capaz da maior nobreza de sentimentos (em especial no que toca a mulheres) mas também capaz dos maiores rasgos de violência e criminalidade... mas há-de haver uma altura em que já chega vê-lo a fazer a mesma personagem em filmes diferentes.