quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Algumas Novidades de Novembro

Com um ligeiro atraso mas queríamos chamar a atenção para algumas das novidades que nos chegaram este mês, começando por 3 publicações portuguesas, duas delas fanzines e uma delas da editora Pedranocharco.

Bang Bang Ultimate 1 - Hugo Teixeira

Depois de dois anos de produção, com BANG BANG 1 em 2007 e BANG BANG 2 em 2008, agora Hugo Teixeira refez algumas pranchas destes dois números, compilou-os e completou-os com os capítulos que levam ao término da primeira parte da história. BANG BANG ULTIMATE 1, o western futurista em estilo mangá, é agora editado em formato tankobon, ou seja o formato mais utilizado no Japão, e será o primeiro arco de uma história de 3 volumes semelhantes.

Podem ver uma review no blog Leituras de BD/Reading Comics.
Podem comprar aqui.

Luminus Fantasia II - Colectivo Luminus Box

O colectivo algarvio Luminus Box formado incialmente por Catarina Guerreiro, Telma Guita e Tânia Guita, regressam com o segundo volume do fanzine Luminus Fantasia, agora na companhia de Sara Martins, que é responsável por uma das 4 histórias presentes neste volume.

Podem ver um preview deste fanzine aqui.



Tintim no século XXI - Vários Autores


O grande fanzine Efeméride está de volta e este ano é dedicado ao sempre jovem (apesar dos seus 80 anos) Tintim. Vários autores acorrerram ao chamamento e deram as suas visões do "embate" da personagem criado por Hergé com o nosso presente século.

De momento não temos disponível a imagem da capa do fanzine, fica uma das páginas interiores. © Hugo Teixeira & Vidazinha

domingo, 15 de novembro de 2009

Ainda sobre o Amadora BD

Sentimos necessidade enquanto livreiros de fazer um outro post sobre o Festival de BD da Amadora deste ano. Um post com uma perspectiva mais azeda e desagradável, a nossa perspectiva não só enquanto livreiros mas sobretudo enquanto agentes intervenientes no mundo da BD nacional.

Em Julho passado contactámos com a organização do festival por email para apresentar algumas propostas e tentar perceber até que ponto elas poderiam ser exequíveis. A primeira delas prendia-se com a vinda ao festival de uma mangaka francesa, vinda relevante não só pelo valor desta mas também pela actualidade da comemoração dos 20 anos de Manga na Europa e pelo crescente interesse das novas gerações por este estilo. Somos novos nas andanças no FIBDA (agora é Amadora BD, nós sabemos, mas FIBDA é mais cómodo por ser mais curto) e queríamos saber como se processa a vinda e convite de um autor estrangeiro, sendo que tínhamos já a luz verde e o interesse da autora, que a vir iria preterir um festival francês a favor do FIBDA. Após vários contactos por email e telefone a única resposta que tivemos foi inicialmente a dizer que a proposta ia ser reencaminhada para uma outra pessoa da equipa.

A segunda proposta foi a apresentação de um workshop sobre manga, contando com a autora francesa e Hugo Teixeira. Mais tarde após a prolongada ausência de resposta da organização, a referida autora acabou por responder favoravelmente à proposta que havia recebido do festival francês e nós alterámos o workshop para contar com presença de 6 autores nacionais que o fariam sem qualquer custo inicial para o festival. Foi também enviado o esquema do workshop, com os tópicos a serem nele trabalhados. A esta proposta de um workshop nunca tivemos qualquer resposta.

O terceiro tópico prendia-se com a nossa presença no espaço comercial do FIBDA. Já no ano passado lá havíamos estado num stand conjunto com a editora Pedranocharco e este ano pretendíamos estar num stand em nome próprio. A primeira resposta foi que iriam enviar um formulário para preenchermos. Depois entraram Agosto e as férias, as idas à China e afins e deixámos de ter resposta. Em Setembro por telefonema nosso, foi-nos dito que “ah e tal, isto estava complicado porque este ano a zona comercial era reduzida… Ainda estamos a ver.” Não voltámos a ter resposta até hoje e já o FIBDA acabou. Entretanto obviamente desistimos e fomos pela mesma via do ano passado, quando a Pedranocharco pediu um stand, pediu-o para partilhar connosco. (O que ao fim e ao cabo acabou por ser uma sorte senão teríamos como divisória uma parede grossa a atravancar ainda mais o nosso espaço comercial.) Parece-nos um tanto ou quanto ridículo que tendo antecipadamente a noção do exiguidade do espaço comercial não se alterassem planos para alargá-lo (sendo que havia vários espaços do piso -1 desaproveitados que para isso serviriam) e ainda mais ridículo que se trate tão tardiamente da zona comercial e se seja tão ineficiente a fazê-lo.

Por isto tudo, quando vemos post em blogues e em fóruns a perguntarem porque não fazem mais os agentes da BD para dinamizar o FIBDA ou a gabar os que o conseguiram fazer, nós não podemos deixar de sentir uma certa irritação porque nós TENTÁMOS fazê-lo mas apenas para descobrir que ou o FIBDA não está de todo interessado na dinamização da banda desenhada ou então está interessado mas só em propostas de editoras e livreiros seleccionados e já bem instalados no meio.

Apesar de sermos novos no ramo e não termos o peso de quem já cá está há muitos anos, TENTÁMOS e gostaríamos de ter tido resposta, fosse ela positiva, fosse ela negativa (acompanhada da justificação), fosse ela um “seria interessante mas já vem em cima do tempo para este ano” ou um “seria interessante mas noutros moldes”, qualquer uma, desde que implicasse respeito e abertura. O que afinal encontrámos foi um obstáculo e assim como a nós aconteceu, também aconteceu a outras organizações.

Entretanto quanto à primeira proposta, a autora em questão, Raphaëlle Marx, criadora da série de manga, Debaser, editada pela Ankama Editions virá a Portugal, já não a nosso convite ou do FIBDA mas a convite da Odd School para a apresentação de uma Master Class de Manga, sobre Desenhos e Personagens. Quanto à segunda proposta, foi igualmente remetida para a equipa do Festival de Beja que já respondeu com interesse, prontidão e com sinal positivo. E é no contacto com o Festival de Beja que sentimos ainda mais a diferença, sendo que à partida teríamos tantos motivos para sermos bem ou mal tratados em qualquer dos dois festivais, mas num a face que nos mostram é de distanciamento, de desinteresse e de desigualdade no tratamento; noutro é a face do interesse, disponibilidade e abertura. Diferença que vemos também por exemplo no facto de após termos tido já contactos enquanto loja com ambos festivais, de Beja recebemos usualmente notícias e press-releases, de Amadora nada.

Numa última nota, queríamos agradecer ao Pedro Mota, com quem contactámos antes de enviar o mail à organização e que foi bastante prestável, encaminhando-nos e dando-nos algumas dicas, apesar de não pertencer à equipa oficial da organização. Infelizmente, dizemos nós, pela parte que nos toca.

Nós tentámos e vocês?...

sábado, 14 de novembro de 2009

Biomega


Finalmente um dos títulos mais esperados por mim, Biomega de Tsutomu Nihei. Listado na PREVIEWS deste mês sairá pela Viz Signature no início de Fevereiro.


Nihei é sem dúvida uma das minhas grandes influências como artista.

Após o seu grande sucesso Blame!, entre outros como Noise e inclusive projectos para a Marvel como Wolverine Snikt (este não muito bem aceite pelos fãs) que esgotaram rapidamente, iniciou este novo projecto Biomega.


Zoichi Kanoe mergulha nas profundezas de 9JO -Uma cidade ilha no meio do Oceano Pacífico - Desta vez procura Eon Green, uma rapariga capaz de transmutar o vírus N5S que infectou a cidade e obrigou ao encerramento da mesma, proibindo assim qualquer contacto com o exterior.

Descobrirá no seu caminho que não é o único à procura da mesma. Zoichi e os seus aliados transumanos não terão tempo a perder...

The countdown to the zombie apocalypse has begun!


Conheço este projecto desde que saiu no Japão, conta com seis volumes e imensas semelhanças ao Blame!

Teremos mais uma vez Tsutomu Nihei o arquitecto mangaka ou vice-versa, com os seus intrigantes complexos e extremamente vastos cenários de arrepiar.

Façam favor de reservar este primeiro título, porque isto promete. ^^



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Solanin


No ano passado saiu pela Viz a manga Solanin, de Inio Asano, compilando num só volume os dois  tomos que constituem esta obra, que já estará a ser transformada em filme live-action.

Nela seguimos a história de Meiko uma trabalhadora-estudante a viver em Tóquio e do seu namorado Taneda que persegue o sonho de vingar na música enquanto lida com um part-time que não lhe permite pagar uma renda. Ambos procuram encontrar o equilíbrio entre os sonhos de juventude, o desejo de uma vida emocionante e plena, o conforto e aborrecimento de um emprego certo mas desagradável e o peso da responsabilidade.

Inio Asano conta-nos com delicadeza e alguma melancolia a incerteza do início da idade adulta, a um ritmo lento mas envolvente e com um traço muito belo, ao mesmo tempo simples e limpo mas cheio de pormenores e realismo.

Grande parte do sucesso desta história é a sua personagem principal, Meiko, com o seu grafismo belo e empático e o seu equilíbrio entre a melancolia, incerteza e a força que a tornam próxima de nós leitores e nos fazem apaixonar por ela como vários dos personagens do livro. E é sobretudo ela quem nos prende até ao final, um final que como na nossa vida é ao mesmo tempo uma continuação e um começo, com o ponto de equilíbrio a ter de ser ajustado dia-a-dia mas sempre apoiado naqueles que nos acompanham, os amigos e a família. Amigos e família que também surgem na história, como catalizadores do desenvolvimento de Meiko mas também eles próprios a sofrerem as suas dúvidas e angústias e a prosseguirem o melhor que podem nas suas buscas da felicidade pessoal.

Uma leitura que se recomenda, a quem procura manga perto da vida real e e perto do coração mas longe da lamechice.



quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Masterclass de Mangakas na OddSchool

As Master Classes da Odd School são a oportunidade ideal para, num curto espaço de tempo, aprofundar conhecimentos na área de Creative Media.

Cada Master Class é uma experiência intensiva de diálogo e experimentação, orientada por especialistas com impacto e mérito reconhecido no seu campo de acção.

A quem se destinam:

  1. A jovens profissionais que pretendem obter especializações e assistir a demonstrações específicas;

  2. A profissionais consolidados que procurem novas ideias e novas abordagens nesta área;

  3. A todas as pessoas, profissionais ou não, que queiram ouvir especialistas da área de Creative Media e estabelecer um diálogo directo com autores de projectos inovadores.
Cliquem na imagem para ver mais detalhes

Outras Masterclasses:

  • Arte-final com Eduardo Antunes
  • Gestão de Cor Digital com Luís Blanco
  • Ilustração Editorial com Richard Câmara
INFO:
ODD SCHOOL
Rua de São Paulo, 121, 1º.
1200-647 Lisboa, Portugal
t. +351 21 346 51 55
email: info@odd-school.com

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20º Amadora BD - As minhas impressões finais

Acabou este fim de semana mais um Festival de BD da Amadora, este ano a comemorar o seu vigésimo aniversário.


Imagem do Festival:
Excelente trabalho do Rui Lacas, este ano a imagem do FIBDA era bastante atractiva e num estilo ao mesmo tempo alternativo e com marcas autorais mas também juvenil, alegre e simpático. A ideia da inclusão do pequeno jogo de criação de personagens no site e a sua posterior utilização na decoração do pavilhão da exposição também foi uma ideia muito interessante e bem sucedida.


Exposições:
Este ano as exposições variaram desde as muito interessantes até às decepcionantes, por variadas razões. A nível cénico talvez não houvesse o fulgor de outros anos (provavelmente por motivos orçamentais) mas a cenografia, que pode de facto dar um outro brilho a uma exposição, não deixa de ser apenas um acessório que pode ser compensado pelas qualidades intrinsecas da exposição em si.

No piso de cima, gostei da exposição sobre o próprio festival, com vários exemplos do que se passou nestes últimos vinte anos aqui e na bd portuguesa em geral. Na parte relativa aos prémios do concurso anual de BD teria achado mais interessantes terem mostrado os 20 primeiros prémios mas compreendo que isso levantasse problemas de espaço e também compreendo o interesse de se mostrar candidaturas de pessoas que na actualidade continuam activas na BD, mesmo que não tenham ganho o prémio na altura. A exposição do Rui Lacas também estava muito interessante e com ideias cénicas que funcionaram bem.

No piso de baixo, gostei batante da exposição de pranchas de Lepage, que impressionou toda a gente pela qualidade dos seus originais; da exposição do livro "Rei", a desconstruir várias pranchas nas suas diversas camadas, permitindo-nos mergulhar no processo criativo do autor António Jorge Gonçalves e da exposição colectiva dedicada à Polónia. Esta última agradou-me pela variedade de estilos e qualidade dos trabalhos apresentados.

As mais decepcionantes para mim foram a exposição dos 50 Anos de Astérix, com uma mostra muito pobre, apenas com alguns artigos de coleccionismo e a exposição "F.E.V.E.R." completamente desenquadrada do resto do festival.

A exposição dos 50 anos de Carreira de Maurício de Sousa tinha pranchas interessantes mas para mim seria uma melhor exposição se estas estivessem acompanhadas de uma cronologia de momentos marcantes. Tanto esta como a do Atérix são exposições relativas a efemérides nas quais se poderia ter puxado mais por esse lado didático, com cronologias e pequenas frases breves e informativas, que dessem um enquadramento mais preciso às pranchas.

Da exposição de manga do Oriente e Ocidente ficou-me a ideia de que poderia estar melhor estruturada, do que assim como estava, com uma sala muito grande e sem cenografia quase, onde as pranchas davam uma sensação de dispersão e escassez e outra sala muito mais pequenina adjacente, cheia de pranchas.

As restantes exposições estavam interessantes. A de Fratini surprrendeu-me pela quantidade de pormenores e textura que estão nos originais e que se perdem no livro em parte devido à opção pelo preto e branco em detrimento do sépia original.

Zona comercial:
Este ano a zona comercial foi a que mais piorou desde o ano passado. Atravancada, diminuída, sem luz suficiente no interior dos stands e depois ainda resolveram aproveitar a geringonça dos autógrafos do ano passado que claramente foi mal arquitectada e que se não queriam deitar fora no mínimo deveriam reciclar: a parte de baixo é alta de mais, a parte de cima é baixa de mais, as duas coisas juntas dão uma abertura diminuta com uns prisioneiros lá dentro e uns visitantes cá fora a baterem com a cabeça no aglomerado.( Vá lá que no segundo dia lhe puseram luz no interior, que na primeira sexta-feira parecia um túmulo.) Assim, não só se diminuiu em muito o espaço para descanso e convívío como em momentos de afluência, os corredores tornaram-se intransitáveis e o ar irrespirável.
Por outro lado, não foi só a zona para visitantes da zona comercial que piorou. O interior dos stands foi reduzido por paredes e pilares grossos, deixou de ter prateleiras e a iluminação escolhida (aqui ainda um defeito herdado do ano anterior) foi ineficiente: por um lado são usados projectores que apenas iluminam parcialmente os stands (o facto de terem paredes pretas ainda piora a fraca iluminação), por outro lado são luzes que aquecem mesmo muito. Faria mais sentido usar por exemplo luzes fluorescentes como se usam nos corredores da exposição, que iluminam melhor sem aquecer tanto.
E mais um ano passou e lá continuou a máquina multibanco à porta da casa de banho, onde ela é menos precisa. Enfim.

Restante programação:
Houve várias actividades interessantes, mas infelizmente não tive oportunidade para ir à maioria delas por estar limitada pela nossa presença com stand na zona comercial. De notar, e felizmente, o peso cada vez maior do cosplay, este ano com dois dias de duração e com o vencedor a ser escolhido para participar no concurso europeu. Os dias de cosplay são sempre o de enchente de jovens, o que anima o festival, faltando agora reflectir cada vez mais o interesse destes jovens também nas exposições e outras actividades.

Site:
A presença do festival na internet precisa ainda de mais alguma atenção e dedicação. O site surge tarde demais, é actualizado lentamente, a versão em inglês surge só na última semana, não há informação biobibliográfica dos autores. Por outro lado, por exemplo, o festival aderiu ao Facebook, o que seria positivo, no entanto nele fez apenas 4 entradas informativas, a última das quais a 14 de Outubro.

Em geral:
Não foi um mau ano de FIBDA, foi um ano interessante, com autores e exposições interessantes. Não foi no entanto também um ano excepcional. Creio que o que começa agora a pesar são os pequenos pormenores organizativos, que passam despercebidos e são perdoados quando ainda impera a inexperiência mas que já causam alguma surpresa quando se fala de uma organização com 20 anos de experiência. Nesse sentido falta não só aprender com os erros de outros anos mas também abrir os olhos e ouvidos aos vários agentes da banda desenhada nacional, tornando-se mais acessíveis ao contacto com estes e passarem a dar-lhes resposta em tempo útil, seja qual for o sentido da resposta. Vinte anos de festival são um feito de louvar e de festejar mas sem perder de vista que este festival poderia e poderá ser ainda mais, chamando para a festa os vários projectos que ao longo do ano animam a banda desenhada nacional, seja os colectivos que editam fanzines, seja as associações que se criam, como por exemplo a FECO, seja os movimentos jovens relacionados com o universo manga e anime. Mas lá está para isso tem de se tornar acessível para comunicar com estes e responder-lhes eficientemente.
Seja como for, para o ano lá estaremos de novo, para comemorar o grande vigésimo primeiro, o grande centésimo da República e a banda desenhada em geral.