sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Samurai 7 - volumes 1 e 2

Em 2004, o estúdio Gonzo produziu uma série de anime (transmitida em Portugal pela RTP 2), inspirada no clássico do cinema, Os 7 Samurais, de Akira Kurosawa. Ao longo de 26 episódios, a história essencial do filme é transportada para um mundo onde o tradicional e a ficção científica se misturam, quando, após uma guerra devastadora, uma aldeia vê-se obrigada a procurar samurais honestos para fazer face a uma horda de samurais degenerados transformados em ciborgues. O anime foi um sucesso e mais tarde surgiu a versão manga, que em termos de adaptação fica a meio caminho entre o filme e o anime, divergindo de ambos nalguns pontos.

Esta versão manga, é composta por dois volumes, que proporcionam uma leitura agradável e rápida, sobretudo devido à arte, que é limpa e escorreita, e à narrativa ligeira e concisa, mais dedicada ao desenvolvimento da história do que ao prolongar dos momentos de acção. Com apenas dois volumes para resumir 26 episódios de anime também não admira que assim o seja. E esse acaba por ser o ponto mais fraco do livro: nota-se que seria preciso mais um ou dois volumes pelo menos para tornar uma leitura agradável numa leitura excepcional. Ainda assim é uma manga a experimentar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

XVI Salão de Viseu - Relato de Viagem

No fim de semana passado foi a inauguração oficial das exposições do XVI Salão de Banda Desenhada, sendo o dia forte o sábado. Pelo primeira vez nós estivemos presentes no festival, a convite da organização e a propósito de uma exposição de trabalho do Hugo Teixeira (co-escriba aqui do blog e a cara presente na loja).

O salão tem como núcleo forte o edifício do IPJ mas conta com exposições em vários pontos da cidade, de modo a ir ao encontro de um publico mais alargado e variado. Este ano o tema foi o dos Super-Heróis.

Biblioteca Municipal:

O primeiro ponto de paragem foi a Biblioteca Municipal. Aqui estava exposta a colecção particular de Super-Heróis (sobretudo merchandising) de um dos sócios do GICAV, Daniel Almeida, de 12 anos, que foi também o autor do póster deste ano. De tenra idade mas já com uma colecção muito interessante, estando aqui representados vários heróis da Dc (Batman e Superman sobretudo) e da Marvel (Spiderman, X-Men, Hulk, Iron Man), com figuras, livros e muito outro tipo de merchandising, incluindo cuecas...
Será interessante um dia no futuro (daqui a uns anos) terem novamente esta exposição no salão para se ver a sua evolução.


Museu Grão Vasco:



Viseu parece ter sido afinal o berço de Afonso Henriques e no ano em que uma bela exposição de arte medieval comemora no Museu Grão Vasco os 900 anos do seu nascimento, nada mais apropriado que juntar a esta uma exposição sobre o Rei herói português, tantas vezes presenta na banda desenhada.  Gostei da inclusão de variados estilos de abordagem ao personagem, desde os mais sérios e mais didácticos aos mais cómicos e dos traços mais tradicionais aos mais alternativos.


Fórum Viseu:

Para o centro comercial, mais propriamente na Casa das Artes, ficou a exposição dedicada ao Batman, o Cavaleiro das Trevas, com uma série de imagens de autores que usaram para este personagem o Preto e Branco. Uma exposição com escolhas interessantes e que pode chamar a atenção dos visitantes ocasionais do fórum, bastando que estes não se sintam intimidados por entrar numa galeria.


Instituto Português da Juventude:



Aqui estava o grosso das exposições do salão, incluindo os vencedores do concurso de Banda Desenhada, para o qual segundo a organização houve muito poucas candidaturas. Não sei como se processa a divulgação do concurso mas pelo menos para os escalões em idade escolar, poderia ser vantajoso tentar obter a coloboração de escolas, não só do concelho mas de outras zonas do país, na promoção do dito.


Na mesma sala estava uma pequena homenagem a Vasco Granja e uma muito interessante mostra de trabalhos de Pedro Massano, que permitiu observar não só a sua mestria mas também a sua enorme versatilidade, a qual lhe permite abordar variados estilos sempre com qualidade.

Também na mesma sala estava ainda presente a exposição dedicada ao país convidado, a Roménia. É sempre interessante ver trabalho vindos de país "não convencionais" da BD mas apesar da qualidade dos trabalhos presentes surpreendeu-me inicialmente que quase todos traziam um estilo fortemente decalcado do Franco-Belga clássico, não se distinguindo estilisticamente por exemplo de muitos autores duma certa geração portuguesa. A apresentação da exposição pelo seu padrinho, Luiz Beira, deixou, pelo discurso e atitude, afinal perceber que terá sido uma questão de selecção: o franco-belga foi por ele apresentado como culturalmente superior aos outros estilos, sendo o caso romeno ainda mais entusiasmante, já que as obras tendem a ser publicadas simultanemamente em romeno e em francês, "sendo o francês a língua da cultura" e em seguida, do alto do seu trono cultural, aproveitou ainda para proscrever por intragabilidade toda a manga. Ora que se tenha lido algo e não se tenha gostado, parece-me normal; que não se tenha muita inclinação para uma determinada arte, género ou estilo, acontece; mas que alguém ignore à partida um estilo e se julge culturalmente superior por isso, já me parece quase um pouco nauseante. Mas adiante.

Ainda no piso inferior mas já noutra área havia uma exposição interessante de super-heróis por autores portugueses, incluindo Daniel Maia, João Lemos e Eliseu Gouveia, entre outros.

A caminho do piso superior encontrava-se uma exposição do colectivo Luminus Box, constituído por quatro mangakas algarvias e cujo blog podem encontrar na nossa lista de blogs. O seu fanzine Luminus Fantasia pode ser consultado e comprado na nossa loja, estando o segundo volume prestes a chegar.

No piso de cima, passava-se pela exposição de heróis da manga, escolhida por Daniel Maia, com escolhas muito eclécticas do mais comercial ao mais alternativo e chegava-se à exposição central com uma galeria de super-hérois dos comics e, com menor incidência, do franco-belga.

No IPJ houve lugar à apresentação de vários prémios, o animarte BD 2009 para o Pedro Massano e os do concurso de BD, apresentação de alguns projectos, autógrafos, um jantar volante e um espectáculo bem-disposto de marionetas sobre o D. Afonso Henriques.


Lugar do Capitão:


Para acabar a noite em beleza, rumou-se por fim ao bar Lugar do Capitão, anunciado pelo militante da BD e fanzines mais conhecido de Portugal como o bar mais cool de Viseu e sem dúvida a merecer o epíteto. Aqui teve lugar uma tertúlia sobre BD, que é como quem diz uma amena cavaqueira sobre BD e a apresentação da exposição de BD de Hugo Teixeira pelo próprio autor.


Balanço do Salão:

Este dia passado no Salão foi bastante agradável. Sem dúvida será um festival a repetir da nossa parte. Para mais, Viseu é uma cidade bem bonita e simpática.
O Salão em si, apesar de pequeno em meios, nota-se que é feito com dedicação e boa vontade. Espero que a organização continue a encontrar forças e apoios para o manter por mais tempo. É pena que a afluência de público jovem seja tão diminuta: aqui ninguém pode dizer que a BD é uma coisa de crianças, pois a julgar pelos presentes, a BD é uma coisa, no mínimo, de quarentões...
Não sei quais as actividades do GICAV ao longo do ano mas um possibilidade para potenciar o envolvimento juvenil no Salão poderia passar pela criação de um grupo activo de jovens ligados à BD ou à animação, um atelier ou algo semelhante.


P.S.- As fotos são de telemóvel, daí a qualidade duvidosa. E desculpem o tamanho do post...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

XVI Salão de Banda Desenhada de Viseu

Mais uma vez a BD invade Viseu. Começou no dia 13 de Setembro o XVI Salão de BD de Viseu, neste ano dedicado aos Super-heróis. Organizado pelo GICAV - Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, este festival vai decorrer até ao dia 26, contando com exposições e actividades em vários locais da cidade.

No sábado dia 19 será o ponto alto do festival, com visita guiada, autores presentes para autógrafos, inaugurações, lançamentos e muito mais. Podem consultar o programa mais complto aqui.

Como estaremos presentes no festival, informamos que a loja não irá abrir no próximo sábado dia 19 de Setembro. Pedimos desculpa pelo incómodo mas convidamo-vos a estarem connosco em Viseu, no Salão de BD.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

The Cat Piano

Noir em tons de azul

Hoje temos uma novidade no blog: um filme de animação. Dos estúdios The People's Republica of Animation e dirigida por Eddie White e Ari Gibson, esta curta de 8 minutos conta com a voz magnífica de Nick Cave para narrar uma história de amor e perigo ao som lânguido do jazz.

O filme é bastante fluido e ritmado, em parte graças à narração, e o ambiente a tons de azul e negro é envolvente e sedutor. São 8 minutos muito bem passados e que merecem os prémios que tem vindo a receber nos festivais australianos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Tank Girl - One


Leituras de Férias III

O que dizer de Tank Girl? É um absoluto clássico! Um clássico destravado mas no equilíbrio, sem cair na perversão total.

Tank Girl não tem limites mas também está para lá da maldade: guia-a apenas a diversão, por um caminho onde as regras não existem. No fundo ela é quase uma espécie de Mr. Magoo do punk: a morte e o perigo rodeiam-na a cada passo mas ela segue incólone, não por cegueira física mas por total ausência de medo face ao perigo.

Como o nome indica, a protagonista desta série clássica é uma rapariga que conduz e vive num tanque. Inicialmente dedica-se a conduzi-lo em missões para uma oragnização militar mas pelo seu comportamento irreverente, pela sua relação com um canguru mutante, Booga, o seu namorado e pelo seu falhanço em entregar sacos de colostomia atempadamente ao presidente da nação, torna-se um alvo a abater. A história passa-se numa Austrália pós-apocalíptica e desenrola-se ao longo de episódios curtos.

Filha da irreverência iconoclasta dos anos 80 britânicos, esta banda-desenhada e a sua protagonista foram abraçadas pela contra-cultura do seu tempo e tornou-se um ícone punk e feminista que ainda perdura. Foi criada por Alan C. Martin e Jamie Hewlett, tendo nalgumas história a colaboração de outros autores e muitas influências da música e cultura alternativa do seu tempo.

Toda a série encontra-se compilada numa colecção da Titan Books, a qual este ano foi remasterizada para a comemoração dos 20 anos da personagem. O livro Um contém as quinze histórias publicadas na revista Deadline de Outubro de 1988 a Fevereiro de 1990, todas no branco e preto original. Inclui ainda alguns extras como uma introdução de Alan C. Martin, capas e pin-ups.

Uma excelente oportunidade para entrar no mundo desregrado, escatológico e impulsivo desta personagem clássica.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Zona Negra


Na sexta-feira passada, dia 4, ocorreu no Cinema São Jorge a apresentação da publicação Zona Negra.

Associada ao Festival de Cinema de Terror de Lisboa, o MOTELx, que decorreu este mês de 2 a 6 de Setembro, a Zona Negra é uma antologia de banda desenhada de terror, com histórias curtas de variados autores nacionais.

A apresentação contou com a presença do organizador e editor, Fil, de vários autores criadores destas histórias e do ilustrador João Mário Pinto como moderador.

Dentro de pouco tempo poderão encontrar a Zona Negra à venda na nossa loja e comprovar a qualidade desta edição.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

The Veil #1 e 2

Leituras de Férias II

Uma mini-série com uma premissa que poderia não ser muito original (uma personagem que vê e fala com fantasmas resultantes de mortes violentas) mas que consegue ser bastante boa no modo como usa essa premissa, criando um ambiente ao mesmo tempo familiar e sombrio e uma personagem principal muito realista, sem o show-off ou os atributos cool que geralmente se associam às personagens psíquicas.

Chris Luna, detective mediúnica, é uma personagem humana, palpável, realista: se alguém no mundo real visse e falasse com mortos, seria muito provavelmente assim.

No primeiro issue somos apresentados a Chris Luna e ao seu peculiar modo de vida, quando a morte de uma familiar a faz regressar à sua cidade natal.

No segundo volume temos oportunidade de conhecer um pouco mais do seu passado e da sua cidade, onde as visões de Luna se tornarão progressivamente mais frequentes. Adensa-se o mistério e enegrecem as núvens que pairam sobre Crooksville: adivinha-se uma tempestade mas por agora resta a Luna esperar que as núvens negras que se formam ao fundo do horizonte se aproximem para as poder enfrentar.

A arte é excelente a passar a imagem de melancolia e solidão que a vida de "detective dos mortos" lhe traz e também eficaz na representação do horror (cores e cenários contidos e de repente pequenas explosões de vermelho sangue).

A série, com argumento de El Torres, arte de Gabriel Hernandez e editada pela IDW, conta com capas alternativas de Ashley Wood e completar-se-à em 4 volumes.

Eu cá espero os que faltam, certa de que vai continuar a seguir o bom caminho.



PS- Eu ia aguardar o final da série para falar dela aqui mas não aguentei... :-)