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Este é o primeiro dos 3 capítulos que constituirão o terceiro volume da série, cada qual passado numa época diferente e autoconclusivo, apesar de juntos formarem uma saga épica. Aqui, em 1910, há dois mundos ficcionais que se destacam: o do oculto, com todos os mais importantes detectives e aventureiros do paranormal dessa época a fazerem a sua aparição e o da Ópera dos Três Vinténs de Bertholt Brecht e Kurt Weill, que empresta a este capítulo não só muito do seu enredo, seja relativo a Mack the Knife, seja relativo a Pirate Jenny, como empresta muito da sua estrutura, incluíndo o uso das canções e de mecanismos próprios da ópera (as personagens que cantam sem que as que a rodeiam pareçam notar, as personagens que cantam dirigindo-se ao espectador ou neste caso ao leitor,...).
A história, como já é habitual, é inteligentemente trabalhada, habilmente misturando a vida ficcional já existente das personagens usadas com o enredo próprio da Liga. Neste capítulo muita coisa é deixada em aberto, criando expectativa para a restante saga mas também muita acção é levada à sua conclusão, o suficiente para criar uma final climático (ainda que negro). A arte de kevin O'Neill continua excelente, na sua versão moderna da ilustração clássica e tal como já nos habituaram, tanto na arte visual como no texto abundam as referências mais ou menos obscuras à ficção e história deste período.
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Para mim, foi um prazer voltar a ler uma história da Liga e alegra-me que esta série continue a manter o mesmo nível de qualidade desde o início. Apesar de agora já serem esperadas, as inúmeras referências continuam a entusiasmar-me e agradou-me particularmente a introdução da Ópera dos Três Vinténs, uma das mais soberbas obras musicais alguma vez escrita e ver como esta se adaptou perfeitamente ao mundo da Liga. O teor e espírito da obra e das suas canções permitiu que a introdução de canções na narrativa não se sentisse como um quebrar de ritmo, tornando-a sim mais intensa.
Indissociável da minha experiência de leitura de qualquer volume da Liga, é o trabalho de Jess Nevins e por isso não posso deixar de publicitá-lo. Nevins desde o primeiro
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Em último caso, as anotações de Nevins acabaram por influenciar a própria série da Liga, permitindo, segundo as palavras do próprio Alan Moore, que os autores aplicassem sem restrições toda a sua erudição sem receio de perder pelo caminho o leitor comum, esmagado pelo peso das referências obscuras.
Em suma, duas obras recomendáveis: A Liga, de Alan Moore e Kevin O'Neill e as respectivas Anotações, de Jess Nevins (actualmente parte delas também já editadas em livro em edição extensa e anotada pelo próprio O'Neill).
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