Filha de uma slasher e derradeira vítima sobrevivente do furor assassino da própria mãe, Cassie Hack, vê-se como que involuntariamente empurrada para um caminho onde perseguir e matar outros slashers é a única opção de vida razoável.
Na linha de Buffy ou Veronica Mars mas deslocado para o universo dos filmes de terror adolescente, Hack/Slash, mantém o formato de série centrada numa protagonista feminina forte e de língua afiada, que tem de seguir o seu caminho entre o combate ao crime e as pressões sociais da vida adolescente. Aqui, no entanto, o combate ao crime é regado com sangue e tripas, cutelos e bastões e a vida social não é a de uma loira bonitinha mas consciente num liceu americano típico mas a de uma morena entre o gótico e o punk que abandonou a escola e que segue viagem acompanhada por um companheiro de aspecto monstruoso mas de coração terno, Vlad.
Os dois primeiros TPB compilam sobretudo one-shots que foram publicados entre 2005 e 2007. As histórias são interessantes mas nota-se que a reduzida extensão das mesmas é uma desvantagem, impedindo o aprofundar das personagens em cada história e tornando nalgumas ocasiões o storyboard algo apressado. No entanto, ao longo dos dois TPB, sente-se a nossa ligação com os protagonistas aumentar a passo a passo, para o que contribui também a introdução de vários personagens secundários que mais tarde vão acabar por se tornar mais ou menos permanentes no enredo geral da série. A arte gráfica, por seu lado, é um pouco irregular mas sempre aceitável.
Estes dois TPB valem sobretudo pela introdução ao mundo de Hack/Slash e pelo conceito algo original que nos é apresentado sobre os slashers: não apenas assassinos em série, a quem o lucro nas salas de cinema concedeu o direito a várias sequelas mas sim toda uma espécie à parte de assassinos maníacos com poderes próprios, muita tenacidade, capacidade para regressarem da morte aparente em busca de vingança e com um ódio insano contra a vida, a juventude e o sexo. As histórias aqui compiladas não sendo essenciais para o enredo da série regular, são francamente recomendáveis para quem quer começar a seguir a série e incluem algumas pérolas como a história Comic Book Carnage, onde podemos assistir ao assassínio do famoso autor de BD americano, Steve Niles, numa convenção de comics e a participação de vários assassinos famosos do cinema e dos comics.
O terceiro e quarto volumes compilam a mini-série Hack/Slash vs. Chucky, um crossover com o famoso boneco assassino, e os primeiros 10 números da série mensal. Aqui a arte é mais regular e em geral de melhor qualidade e os argumentos beneficiam com o maior espaço para se desenvolverem. Algumas personagens secundárias (vítimas sobreviventes) das one-shots iniciais reincidem e tornam-se personagens regulares que, mesmo à distância, ajudam Cassie na sua jornada e alguns slashers originais têm direito à sua sequela e tornam-se parte da imagem de marca de Hack/ Slash.
Depois das one-shots e mini-séries curtas, quando chegamos à série já estamos agarrados aos personagens, o que aliado ao tom ligeiro, irónico e referencial das histórias, faz deste título um bom entretenimento a seguir.